Sou tutor em Russas, na disciplina de Linguística Textual, curso de Letras. É minha primeira experiência de tutoria, e está sendo maravilhosa. A segunda - um mês depois eu a comecei - está sendo a disciplina sobre Paulo Freire no curso de Pedagogia no pólo de Ubajara. Adoro ser professor, tenho um prazer corporal, diria sensual até. Para mim, ser professor é ser artista, criador. A tutoria, entretanto, deixa-nos um tanto quanto limitados, uma vez que somos apenas os "dadores de aula". O material já nos chega pronto, o que será discutido já nos chega pronto. Não temos a opção de escolher este texto e preterir aquele: há um pacote preparado pelos "professores donos das disciplinas" e nós temos apenas que executá-lo. É claro que há muito o que se fazer, mas este muito é bastante limitado, sendo este muito, a boa vontade de fazer um trabalho com prazer e tesão. Entretanto, algo que me cativa bastante em trabalhar pelo interior do estado é a vontade que as pessoas tem de discutir, de aprender e de aprender com elas... acho linda essa troca de experiências, mas não entendo como a Universidade que tanto critica o modelo escolar que faz com que o professor seja o tutor - um dador de aulas, repito - reproduz o mesmo modelo.
Outra coisa que tem sido reafirmada em minha experiência é o quanto somos maltratados pela burocracia: há dois meses dou aulas, me esforço e sacrifico meu tempo e ainda não recebi nenhuma bolsa, e quando procurei o setor responsável, rodei um bocado pelo Pici.
Sim, o fator financeiro pesa muito e desestimula também em demasia. Afinal, se eu deixar de acompanhar um dos fóruns ou chats ou portólios serei rapidamente cobrado, mas não rapidamente pago.
Enfim, gosto muito dos e das estudantes que tenho encontrado em minhas andanças, mas me sinto maltratado pela instituição que acusa "o sistema" como se este não houvesse sido projetado por seres humanos e como se não fossem estes seres humanos quem o manipula.
Se há este espaço para falar sobre nossas experiências, me perdoem, não ficarei fingindo sorrisinhos e dizendo que é linda a educação: sinto como se a educação não fosse a prioridade nem na Univesidade, mas a burocratização da vida e seu consequente "maltratamento".
Que te devolvam a alma
Homem do nosso tempo.
Pede isso a Deus
Ou às coisas que acreditas
À terra, às águas, à noite
Desmedida,
Uiva se quiseres,
Ao teu próprio ventre
Se é ele quem comanda
A tua vida, não importa,
Pede à mulher
Àquela que foi noiva
À que se fez amiga,
Abre a tua boca, ulula
Pede à chuva
Ruge
Como se tivesses no peito
Uma enorme ferida
Escancara a tua boca
Regouga:
A ALMA. A ALMA DE VOLTA.
(Hilda Hilst - Poemas aos homens de nosso tempo)
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Abraços
Sahmaroni Rodrigues
Doutorando em Educação Brasileira UFC
Oi Sahmaroni,
ResponderExcluirVejo que você se identifica com seu trabalho e se sente realizado com o que faz. Isso, com certeza, é muito bom.
Assim como na modalidade presencial, há muitas falhas a serem corrigidas na EaD. O importante é não perder a motivação e acreditar sempre na importância do trabalho que realizamos como tutores.
Um abraço