domingo, 1 de dezembro de 2013

DIALOGICIDADE EM PAULO FREIRE


Segundo David e Castro-Filho (2009):
"O diálogo freiriano possui cinco pressupostos que norteiam a comunicação educador-educando: amor, humildade, fé nos homens, esperança e um pensar crítico. (2009, p. 3)."

 Em seu livro Educação como Prática da Liberdade, Paulo Freire define o diálogo: 
"E que é o diálogo? É uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade (Jaspers). Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por isso, só com o diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se, então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação. O diálogo é, portanto, o indispensável caminho (Jaspers), não somente nas questões vitais para a nossa ordenação política, mas em todos os sentidos do nosso ser. Somente pela virtual da crença, contudo, tem o diálogo estímulo e significação: pela crença no homem e nas suas possibilidades, pela crença de que somente chego a ser eles mesmos” (2007, p.115-116).

Exemplificarei como conduzo minha prática como tutora, baseada nos elementos de dialogicidade de Paulo Freire.

AMOR
 O amor ao mundo e aos homens. O amor como ideal de relação. O amor como compromisso. Como tutora, procuro construir a melhor relação possível com meus alunos, estabelecendo laços de confiança e de amizade. Na amizade o amor está sempre presente.
 
HUMILDADE
 Segundo Paulo Freire, não há diálogo se não há humildade. Esta é imprescindível na relação, no encontro.  Todas as vezes que aceitamos o outro como ele é, e o respeitamos, e favorecemos a este uma oportunidade, praticamos a humildade. Como tutora, procuro evitar a arrogância, a intolerância e estimulo a igualdade, a equidade.

FÉ NOS HOMENS
 Acreditar na humanidade é acreditar na vida. Ter fé no homem me leva, como tutora, a valorizar e acreditar no potencial dos meus educandos. Como a música de Gonzaguinha:
Ontem um menino que brincava me falou
Hoje é a semente do amanhã
Para não ter medo que este tempo vai passar
Não se desespere, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs 
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será
 
ESPERANÇA
 Não é apenas esperar. A esperança conduz ao movimento, à luta. É o lutar com esperança, enquanto espero.  Na prática de Ead é preciso estimular que o educando prossiga, apesar das adversidades e que os resultados são possíveis com esforço e dedicação.

PENSAR CRÍTICO
 Enquanto elemento de dialogicidade, o pensar crítico é um pensar verdadeiro sobre o mundo. Como tutora, acredito que devemos conduzir nossos educandos a exercitar uma reflexão sobre a realidade que os cerca em uma atitude de não conformidade, estimulando-os a posicionar-se, a fazer diferente.

Nascemos Para o Encontro...
(Autor Desconhecido)
Minhas mãos não foram feitas para permanecerem fechadas.
Fechadas elas são feias. Fechadas elas são um sinal de egoísmo.
Minhas mãos não foram feitas para mim, mas para se abrirem aos outros.

Mãos para saudar, erguer, ajudar, trabalhar, acariciar.
Abertas para o mundo e para as pessoas.

Meus olhos foram feitos para o encontro: não posso ficar olhando para mim mesmo.
Olhos nos olhos. Feitos para ver e não para se ver.
Olhos voltados para fora ... serenos, seguros e que olham o mundo da cor da verdade e da realidade.
Olhos feitos do jeito dos olhos de Deus.

Meus ouvidos escutam o som do universo: foram feitos para escutar.
Dois ouvidos voltados para a realidade externa.
Para escutar as mensagens que vêm das pessoas, das músicas, do canto dos pássaros,
da chuva.
Pelos ouvidos sou aberto à realidade do mundo.
E posso guardar o mundo dentro de mim.

Minha boca e minha voz foram feitas para comunicação, para o encontro.
Tenho dois ouvidos e uma só boca: devo escutar e ver mais que falar.
Mas, a voz é minha comunicação. As palavras e a voz são feitas para o encontro.
A voz é feita para o diálogo, para a comunicação de sentimentos e pensamentos.
Nada foi feito para destruir...
A boca perde o sentido quando diz palavras de desencontro, violência, agressividade.
Nada foi feito para separar. Tudo foi feito para se encontrar.
Nada é sozinho neste mundo.

Tudo em nosso corpo foi feito para o encontro.
Somos,portando um encontro permanente.
O Sexo foi feito para o encontro.
Também os órgãos genitais, em nosso corpo, foram feitos para o encontro.
Não para serem prostituidos, para o egoísmo ou para tirar proveito pessoal.
O sexo em nós é para o encontro.Se não, perde a sua finalidade.
Tudo é ENCONTRO. Fomos feitos para o encontro. Nada foi feito para estar só.
Tudo foi feito para se completar, para ESTAR JUNTO, PARA CONVIVER.
O Encontro leva a uma vida melhor.
É, portanto, uma COMPLEMENTAÇÃO.
Nosso corpo, nossa vida, nossos desejos ... tudo chama para o encontro.
Nossa vida chama para o encontro. 


REFERÊNCIAS
DAVID, P. B e CASTRO-FILHO, J. A. Dialogicidade em práticas interativas da área de exatas. In: XX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Florianópolis, 2009.  
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

Um comentário:

  1. Oi Rita,
    gostei de você ter relacionado de forma tão direta os cinco pilares da educação dialógica com sua prática docente. Muito boa também a relação entre a letra da música de Gonzaguinha e os pilares de Paulo Freire.

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